Museu Mariano Procópio completa 102 anos

Arquivo Pessoal Michele Pacheco e Robson Rocha

Comecei a trabalhar na TV Alterosa cobrindo férias, em 1997! Fui contratada no mesmo ano. Desde então, já perdi a conta de quantas matérias eu e o Robson Rocha fizemos no Museu Mariano Procópio. A cada ida, uma nova emoção, novas sensações, mais elementos para reforçar minha memória afetiva. É como se descobrisse novos ângulos nas peças já conhecidas.

E isso é incrível! Acompanhei o Museu recebendo crianças, adolescentes, adultos e idosos. Vi o olhar brilhando de quem se deslumbrava pela primeira vez com o acervo. Vi o orgulho de quem já conhecia e reforçava a sensação de pertencimento.

Sim! O Museu Mariano Procópio é de todos e de todas! De todos os públicos, de todas as idades! É nossa história! É nosso Patrimônio! Aqueles tijolos sobreviveram a mais de um século de idas e vindas de pessoas, de reformas, das batidas de martelos e outras ferramentas, de restauração e até de abandono. E estão lá! Prontos para testemunhar muitas outras gerações.

Numa época em que o mundo está a um clique no celular ou no computador, saber que as salas ficam lotadas, que o parque é disputado e que os visitantes saem do MAPRO com a sensação de alegria e orgulho é bom demais!

Tantas pessoas deixaram na Vila e no Anexo a essência delas! Muitos bravos lutadores pela preservação do Museu Mariano Procópio já não estão mais nesse plano. Mas, a energia deles está presente em cada canto preservado, em cada peça exposta.

Confesso! Eu amo visitar o museu e cobrir pautas lá. Já fizemos matérias sobre a história, sobre curiosidades, como a coleção de leques, sobre documentos preciosos do Período Imperial, sobre a importância do parque e sobre as pessoas que passam por lá. Algumas histórias são mais marcantes e ficaram salvas no nosso “arquivo cerebral”!

Antônio Carlos Duarte e Douglas Fasolato me encantavam ao gravar entrevistas, quando ainda eram diretores do museu. Os olhos brilhavam, a voz embargava ao falarem da coleção de cerca de 51 mil peças. O papel de guardiões da História ali preservada sempre foi levado a sério por eles.

Entre as pautas curiosas, eu me lembro de uma sobre cartas e notas de compras da esposa de Mariano Procópio, Maria Amália. Valores e compras de tecidos, aviamentos, relação de contas pagas, cartas para parentes e amigos. Raridades que estão guardadas e que nos fazem viajar no tempo. O jeito diferente de escrever, um Português que não existe mais.

Também me lembro com carinho de uma pauta que cobrimos para a Record TV sobre a coleção de leques. O historiador da Fundação Mariano Procópio, Sérgio Augusto Vicente, contou detalhes curiosos sobre a “linguagem dos leques”, praticada nas cortes do Brasil e da Europa, e destacou as peças mais raras e valiosas.

E a onça? O animal empalhado é um dos destaques da coleção de História Natural. Depois da restauração, ela voltou a ficar exposta e é disputada pelos visitantes dispostos a tirar fotos ao lado do felino que já rondou as matas da região.

Nesse aniversário de 102 anos, só posso agradecer! Pelas histórias, pelas emoções, por cada fragmento que compõe a minha memória afetiva. Ao ver o deslumbramento da minha filha de 12 anos podendo conhecer o Museu (que já estava fechado para reformas quando ela nasceu) na reinauguração, eu fiquei muito feliz! Sei que Olívia já começou a construir as memórias dela e isso é o primeiro passo para que entenda a importância de passar adiante para os nossos descendentes o valor do Museu Mariano Procópio. Preservar a história dele é o melhor presente que podemos dar nesse aniversário!

Abaixo, uma das muitas matérias guardadas com carinho no nosso arquivo pessoal. Ela é de 2005. Há vários outros registros sobre o Museu e nossas coberturas jornalísticas no nosso canal no Youtube, https://www.youtube.com/@MichelePachecoeRobsonRocha

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