Família espera justiça há 13 anos

Foto arquivo pessoal Wellington César

Era maio de 2012, o vendedor de sapatos Célio Nunes de Oliveira, de 41 anos, saiu de Franca, São Paulo, onde morava, para fechar vendas em Bicas, na Zona da Mata mineira. Era noite e ele disse aos familiares que iria deixar o hotel para jantar. A família nunca mais conseguiu falar com ele. O vendedor foi morto logo depois, baleado por um Policial Militar.

Foto arquivo pessoal Wellington César

Célio caminhava pelo centro de Bicas, quando foi parado numa abordagem policial. Na época, o militar responsável pela ação policial contou que atirou em Célio ao ver o vendedor puxar uma arma. Mas, a versão gerou suspeitas depois que imagens de câmeras de segurança foram divulgadas.

Foto arquivo pessoal Wellington César

A família aponta alguns detalhes que ficaram sem resposta no dia da morte. As imagens das câmeras do hospital da cidade mostram a viatura chegando, com o Giroflex e a sirene desligados, Célio desacordado na caçamba e os militares ansiosos. O vídeo mostra ainda o PM que atirou retirando dos bolsos da vítima documentos e celular. Ele puxa o corpo, que chega a ficar pendurado para fora da caçamba, enquanto os atendentes buscam uma maca.

Foto arquivo pessoal Wellington César

Wellington César de Oliveira, irmão de Célio, contou à TVJF que a família só foi informada sobre a morte pela Polícia Civil, quase 12 horas depois de Célio ser baleado. “Sem documentos, ele foi recebido no hospital como indigente. Essa ação do policial serviu para retardar ao máximo a identificação e a mobilização da família”, lamenta Wellington.

Foto arquivo pessoal Wellington César

Desde então, familiares e amigos têm se mobilizado pedindo justiça. Foram 13 anos de espera. O sargento da PM que atirou em Célio foi indiciado por homicídio doloso e o Júri Popular foi marcado para a próxima segunda-feira, 26/05. “Só queremos que a justiça seja feita. No hospital, na frente de todos que estavam lá, o policial que atirou disse primeiro que tinha sido suicídio. Depois, falou que atirou no meu irmão para se defender. Tudo mentira. Versões que foram sendo apresentadas e mudadas. ” lembra Wellington.

Foto arquivo pessoal Wellington César

Ao longo de todos esses anos de espera, amigos e parentes de Célio compartilharam, nas redes sociais, vídeos chamando atenção para a demora na resolução do caso e questionando a forma como ocorreu o crime. No vídeo abaixo, quando o caso completou 4 anos, foi lembrado que Célio morreu próximo ao Dia das Mães, deixando uma filha pequena.

Num depoimento exclusivo ao site TVJF Notícias, Wellington contou quem era Célio Nunes. No relato emocionado, ele lembra o jeito sempre atento e cuidadoso com os pais, irmãos e a filha Yasmin, que tinha 8 anos quando o pai foi morto.

Wellington destaca dois pontos importantes que constam no inquérito feito pela Polícia Civil. Segundo ele, o sargento alegou ter visto Célio sacar a arma com a mão esquerda, mas o vendedor era destro. Além disso, o outro militar que participou da abordagem negou ter visto a vítima com a arma na mão. Os anos de espera pelo julgamento foram difíceis para a família e os amigos, que não perderam a esperança na Justiça.

Toda essa história vai ser relembrada na próxima segunda-feira, quando Defesa e Acusação vão se revezar no Tribunal do Júri para mostrar aos jurados o máximo possível de informações para que possam atuar com segurança. Lembrando que tanto a defesa do réu quanto a Promotoria e a Acusação podem recorrer da decisão apresentada.

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