Imagem: Robson Rocha

A Semana Santa em Minas Gerais mistura tradições religiosas, belezas naturais e Patrimônio Histórico!
Uma mistura que encanta e atrai turistas de todo o Brasil e do exterior. Em São João del Rei, a semana é marcada por celebrações preservadas há mais de 300 anos. Entre elas, está o Ofício de Trevas, realizado na Basílica de Nossa Senhora do Pilar sempre na quarta-feira, na quinta e na sexta-feira da Semana Santa.

Depois do Concílio Vaticano II e a reforma das normas da Igreja Católica, essa celebração deixou de fazer parte da agenda religiosa de muitas Arquidioceses. Em São João del-Rei, ao contrário, o ritual foi preservado e com as mesmas características do tempo em que foi trazido ao Brasil pelos colonizadores portugueses: em latim. No município são realizados três ofícios: o primeiro na Quarta-Feira Santa à noite e os outros, chamados de Matinas e Laudes, são feitos nas manhãs de Sexta-Feira da Paixão e do Sábado Santo.

A palavra “Ofício” significa que a celebração faz parte da Liturgia das Horas e a expressão “de Trevas” vem da meditação sobre os sentimentos Imagem: Robson Rocha experimentados por Jesus durante o caminho até o Calvário e a crucificação. Durante o rito, o tenebrário, um grande candelabro triangular, com 15 velas, tem lugar de destaque na Basílica, ficando do lado direito do altar. Ao final da leitura de cada salmo, uma vela é apagada. Apenas uma vela, no vértice, é mantida acesa e levada para trás do altar. Esta vela representa Jesus Cristo, a luz do mundo, que nunca se apaga. Enquanto a vela está escondida, todas as luzes da igreja são apagadas, simbolizando o momento das trevas. Os fiéis batem com o pé no assoalho, fazendo estrondo. Em seguida, as luzes são novamente acesas, anunciando que Cristo ressuscitou.

Quando cobrimos a primeira vez essa celebração, eu e Robson Rocha não conhecíamos os detalhes e ficamos de olhos atentos a tudo o que se passava na Basílica lotada! Os moradores de São João del Rei tinham nas mãos um livro com todos os Salmos e os cânticos do Ofício em latim. Os visitantes se emocionavam e se encantavam com a cerimônia secular. Eu estava entre os que se sentiam transportados para outro tempo.

Imagem: Robson RochaO que eu não sabia na época é que a celebração é longa e dura em média três horas! A cada vela que se apagava, nossa equipe se posicionava para gravar a última vela e o estrondo dos pés. Mas, as orações recomeçavam e percebemos aos poucos que o Ofício seria demorado. Mas, em vez de cansar os participantes, cada detalhe na igreja histórica surpreende e o tempo passa mais rápido do que o imaginado.

Na penúltima vela, ficamos a postos e vimos um dos religiosos levar a última vela acesa para trás do altar. As luzes foram sendo apagadas de trás para frente e uma emoção incrível tomou conta de todos nós. Era como se realmente as trevas avançassem sobre todos que lá estavam e uma angústia estranha tomava conta do coração. Quase que involuntariamente, a gente começou a bater os pés junto com os fiéis e turistas. A sensação de ver a vela retornar e as luzes se acenderem é difícil de explicar. É como se nos trouxesse esperança e alívio.

Imagem: Robson RochaDepois dessa primeira cobertura do Ofício de Trevas, em 1998, cobrimos praticamente todas as celebrações durante os 20 anos em que trabalhamos na TV Alterosa/SBT. Mesmo sabendo o que esperar e cada detalhe que iria acontecer, a emoção de estar lá, de ouvir os salmos em latim e os cânticos permaneceu. Quem for passar a Semana Santa em São João del Rei neste ano vai poder conferir o Ofício. Ele vai ser realizado na Basílica de Nossa Senhora do Pilar nesta quarta-feira, 05/04, às 19h, na sexta-feira Santa às 8h, no mesmo local, e no Sábado às 8h30, também na Basílica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *