Pesquisadora de Minas desenvolve pesquisa inovadora contra câncer de mama

Foto Fapemig / Divulgação

A pesquisadora Márcia Antoniazi Michelin, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, desenvolve uma pesquisa inovadora contra o câncer de mama. O estudo tem apoio da Fapemig, Fundação de Amaro à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, e propõe um tipo de imunoterapia feita a partir de material do próprio paciente.

Dados da OMS, Organização Mundial da Saúde apontam que o câncer de mama é o tipo mais frequente da doença em mulheres em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos.

O estudo “Desenvolvimento e Análise da vacina de células dendríticas e linfócitos tumor infiltrantes nas respostas imunológicas de tumores de mama e melanoma experimentais em camundongos”, coordenado pela pesquisadora tem o objetivo de apresentar alternativas para o tratamento.

É importante entender o que são as células dendríticas e qual a função delas no organismo. Descobertas pelo canadense Ralph Steinman, em 1973, as células dendríticas funcionam como ativadoras do sistema imunológico dos mamíferos. Essas células atuam como mensageiras entre a imunidade inata e a adquirida, auxiliando o organismo no processo de resposta imunológica, combatendo infecções promovidas por bactérias ou outros microrganismos.

Márcia Michelin explica que “as células dendríticas têm características muito importantes e podem induzir a resposta imune do organismo. Pacientes com câncer em fase terminal têm muitas células dendríticas circulantes no sangue, mas todas elas estão em uma forma imatura. Elas não estão aptas a iniciar o sistema de defesa.”

Essas células atuam nos linfócitos T, dirigindo toda a resposta imune do organismo. Então, se elas não estiverem funcionando, nada no sistema imune funciona. No estudo experimental, a pesquisadora propõe uma imunoterapia autóloga, ou seja, feita a partir de material do próprio paciente, que, para facilitar a compreensão, foi chamada de vacina de células dendríticas e de linfócitos tumor infiltrantes.

A pesquisa está sendo desenvolvida por meio da análise de tumores (quando presentes) de mamas, de baços, fígados, pulmões, linfonodos e lavado peritoneal retirados para as análises das metástases e da eficácia da vacina sobre parâmetros do sistema imunológicos. A terapia está em fase experimental e, por enquanto, só é usada em pacientes que já esgotaram as outras possibilidades de tratamento, como quimioterapia, radioterapia e remoção cirúrgica, tudo de acordo com os comitês de ética e com o devido consentimento.

Os pesquisadores relatam que os resultados têm sido promissores. As injeções são aplicadas nos pacientes a cada 15 dias e há uma redução considerável da massa tumoral até uns três meses após a aplicação. Depois desse tempo, o tumor estabiliza. O próximo passo é entender o motivo dessa estabilização depois desse tempo. A pesquisadora já tem dados baseados em testes com camundongos que mostram que, se mudar alguns aspectos no processo de maturação, colocando alguns componentes in vitro, essa célula pode se tornar muito mais eficiente.

Também foram registradas evidências que mostram que também há redução de metástase hepática, pulmonar e no sistema nervoso central, o que melhora a qualidade de vida do paciente. Comprovada a eficácia do tratamento profilático, a equipe e pesquisa decidiu verificar se a mesma lógica funcionaria de forma terapêutica, ou seja, se seria capaz de evitar o surgimento de um tumor.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. O câncer de mama também ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil, com taxa de mortalidade ajustada por idade, pela população mundial, para 2021, de 11,71/100 mil (18.139 óbitos). As maiores taxas de incidência e de mortalidade estão nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Em 2022, foram diagnosticados 7.235 casos de neoplasia maligna da mama em Minas Gerais, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. Desses, 56,8% dos casos tratados iniciaram o tratamento 60 dias após o diagnóstico, 25,9% dos casos se encontram sem Informação de Tratamento.

A prevenção do câncer de mama cabe a Atenção Primária à Saúde, que se configura como ordenadora do cuidado, sendo responsável por identificar e realizar a busca ativa do público-alvo. As Unidades de Atenção Primária a Saúde são a porta de entrada para acolhimento dos pacientes no sistema e possui uma equipe multiprofissional. Atualmente, Minas Gerais possui 28 Centros de Atenção Especializada Ambulatorial (Ceae) implantados, os quais são regulamentados pela Resolução SES/MG N° 6.946, de 04 de dezembro de 2019 e suas alterações, que propiciam cobertura de aproximadamente 50% do território do estado.

Abaixo, a pesquisadora destaca a importância da pesquisa.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *